sábado, 28 de julho de 2012

Review - Batman o Cavaleiro das Trevas Ressurge




Como prova de que nem tudo resiste ao tempo, até mesmo um super-herói carece de transformações. Já se foi o momento em que uma figura com poderes, um representante da ordem e da segurança, estava livre dos problemas humanos – mais graves que estes, problemas gerados por humanos em sociedade, na qual estrutura é uma palavra aparentemente desconhecida.
O caminho, portanto, apresenta alterações de percurso. O que se vê no mundo cinematográfico não se distancia mais do mundo de carne e osso. A ficção, nota-se, anda sendo não mais um universo paralelo, e sim uma pintura – às vezes de cores gritantes – do palpável, do verossímil. Perfeitamente justificável. Se a sociedade, por exemplo, crava uma luta diária contra o mal (presente num sem-número de lados), não é preciso cavar muito para encontrar uma ideia relevante.
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Night Rises, 2012), desde sexta-feira em cartaz em todo o país, prova, não há sequer uma fagulha de otimismo debaixo de seus argumentos. Se possível, o filme é ainda mais pessimista que seu antecessor. E, talvez por isso, ainda mais genial.
O ceticismo tem seu ponto de partida, mais uma vez, pela composição do próprio herói. Amargurado pela morte de Rachel Dawes, Bruce Wayne (Christian Bale) encontra-se recluso há oito anos. Estado ainda mais prejudicado pelo final inverídico que a figura do homem-morcego acarretou com o falso heroísmo de Harvey Dent, para que uma lei fizesse sentido nos arredores de Gotham City. O retorno de Wayne se dá com o vilão Bane (Tom Hardy), que toca o caos pela cidade, e possui planos dos mais perturbadores.
Bane (Tom Hardy)

Batman, que fecha uma trilogia de respeito, conta com várias fontes de energia. A começar pelo escalão de atores – alguns exímios. Quem já fazia parte do show, continua nos trinques (com destaque, neste capítulo, para o fenomenal Michael Caine, em emocionante atuação). Já os novos integrantes reforçam o resultado com caprichadas interpretações. Anne Hathaway, na pele de Selina Kyle, a Mulher-Gato, está fantástica. Assim como Joseph Gordon-Levitt e Marion Cotillard; ele, notável no papel do policial Blake, ela, super controlada como Miranda Tate.
Bruce Wayne (Christian Bale) e Alfred (Michael Caine)

Mulher-Gato (Anne Hathaway)

John Blake (Joseph Gordon-Levitt)

Miranda Tate (Marion Cotillard)

Depois, a virtuosidade técnica implacável, que não é uma forma de engrandecer o projeto, mas de favorecer o roteiro – mais afiado do que nunca. O que se prova com esse dois elementos tão distintos é que, quando utilizados de maneira competente, eles são o casamento perfeito para o sucesso.
Por último, e o maior dos embates, a visão realista pela qual uma história em quadrinhos é reproduzida. O que impressiona é o modo como a sensação do ficcional causada pela figura heroica desaparece. Em seu lugar, uma nova leitura é feita – a de que, em meio ao caos, nada mais reconfortante do que o sentimento de segurança oferecido por uma figura enigmática.
Indício de que todo o pessimismo existente no desenrolar de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge é mais que provável, a tragédia da qual ele próprio serviu de cenário. O massacre na sala de cinema, no Colorado, só reforça aquela que é a grande ilação do filme: a paz pode não ser inatingível, mas está – lamentavelmente – longe do alcance do ser humano.


Fiquem com o trailer do filme!

                               

Por Mahiba Grisolia

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